Educação lança protocolo de combate ao racismo nas escolas da Serra
Documentos servem como guias e vão auxiliar profissionais da Educação diante de situações de violência racial no contexto escolar
Texto: Marcelo Pereira
- Foto: Edson Reis
Como parte das ações realizadas pela Coordenação de Estudos Étnico-Raciais (CEER), a Secretaria da Educação (Sedu) lançou, na última terça-feira (26), o “Protocolo de Combate as Situações de Racismo nas Unidades de Ensino da Rede Municipal da Serra” e a “Cartilha de combate às situações de racismo nas escolas municipais da Serra”.
Os documentos servem como guias, apresentando uma série de informações e diretrizes para auxiliar profissionais da Educação diante de situações de violência racial no contexto escolar.
Eles já estão disponíveis e podem ser conferidos clicando aqui: Coordenação de Estudos Étnico-Raciais (CEER)
O lançamento ocorreu no auditório da Secretaria de Educação, em Serra Sede, e contou com a presença da secretária de Educação da Serra, Luciana Galdino; a secretária de Direitos Humanos da Serra, Lilian Mota; Gustavo Alves (Ordem dos Advogados do Brasil); Dilton Depes (Ministério Público Estadual); Vitor Amorim (Conselho Municipal de Promoção de Política de Igualdade Racial).
A cerimônia foi iniciada com performance cênica do grupo "As Dandaras", formado por alunas da Emef Serrana. Elas declamaram e interpretaram poesias que denunciam o racismo enfrentado pela mulher negra que é desprezada pelo seu corpo e seu cabelo, afetando sua autoestima.
Guia para atendimento
O protocolo e a cartilha apresentam condutas e ações necessárias para construir um espaço mais seguro, inclusivo e antirracista nas unidades de ensino da Serra. Para isso, são abordadas orientações que mostram como identificar as diferentes formas de preconceito e racismo.
Também são detalhadas estratégias de prevenção e ações de respostas imediatas (com um fluxo de encaminhamentos que devem ser tomados), além de medidas de acompanhamento e acolhimento dos envolvidos em uma situação de violência racial.
“Este documento vem justamente para dar suporte à comunidade escolar para que saibamos combater situações de racismo que, devido a um processo internalizado, inúmeras vezes, acontecem diante de nossos olhos, em nosso cotidiano, e não sabemos dar o devido encaminhamento. Por meio dele é mais uma estratégia para que o município da Serra, por meio da Educação, lute sempre para que marcas de exclusão sejam eliminadas do nosso meio”, apontou a secretária de Educação.
Para a gerente da Coordenação de Estudos Étnico-Raciais (CEER), Juliana Lucas, o protocolo e a cartilha são necessários dentro deste contexto mas funcionam se houver engajamento de todos, incluindo no que é compartilhado em sala de aula.
“É um instrumento que só funciona se associado à prática pedagógica. Para combater o racismo, é preciso valorizar o que temos em nosso cotidiano e isso a escola é capaz de fazer muito bem. A partir dessa tomada de consciência, vem o empoderamento e o racismo não encontra terreno fértil”, aponta.
O evento teve como convidada especial a professora doutora Eliane Cavalleiro, da Universidade de São Paulo (USP). A educadora desenvolveu diferentes estudos sobre educação antirracista e é referência do tema no Brasil. Ela proferiu palestra sobre inclusão racial e combate ao preconceito nas escolas.
“A educação antirracista precisa fazer esse diálogo com alunos negros e alunos brancos. E não é só numa perspectiva de punição. A gente quer que a educação antirracista se antecipe, que ensine a beleza da diversidade, que ensine o respeito. Evidenciando o respeito nas relações entre os profissionais da escola e não somente para o aluno”, destacou.